segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Nervos

No baile destas ondas luminosas
Banhando a alvorada em cor vermelha,
Apaga-se o fulgor desta centelha
Que nutre as ilusões mais dolorosas;

Nos traços das paisagens nebulosas
Da vime solidão que me permeia,
Percorre este langor na minha veia
Levando as minhas ânsias cigilosas;

Em dia que fulgura um céu dorido
Encubro-me co'o lúgubre tecido
Que veste o meu destino em negras cores;

Na mente pincelada em vãos matizes
Os nervos se transformam em raízes
Que aterram o meu ser num mar de dores.



18/1/08

2 comentários:

Unknown disse...

Como foi uma dica de leitura inusitada, aqui estou. E até agora me surpreendi bastante e positivamente! Esses temas mais "pesados" são raros de serem encontrados, acredito que as pessoas costumam pensar que almas obscuras são zumbis, vampiros ou solitários esquisitos! é claro que não estão certas! somos mais coerentes com nossa essência, apenas isso, não é mesmo? quanto a este poema, considero-o impressionante! me identifiquei bastante pois tbm detesto cores, prefiro muito mais a ausência de cor, que é o preto, sem luz, pura vaguidão! os nervos transformados em raízes! realmente é como dá para sentir os nervos que nos aterram em diversos momentos.

Estarei mais presente no seu blog daqui para frente!

Amplexos,
BrunoPessoa

Fernanda Rodrigues Barros disse...

Pois é, Pessoa! Podemos sentir os nervos como raízes que nos aterram impiedosamente, no entanto, apesar de sentir, jamais tínhamos nos imaginado dessa forma. Creio que o Carlos consegue transpor, através dos seus versos, aquilo que sentimos mas que não tínhamos visualizado ainda. Encaro os versos dele como "veja, sinta, compartilhe de toda a minha dor". Os versos "Na mente pincelada em vãos matizes", sinto algo de "produzo, mas nada me satisfaz" e os últimos dois versos, vêm a colaborar com essa idéia!