quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Olhares

Tais cândidos luares nevoentos
Brilhando seus lampejos mais profanos,
Transluz os seus profundos oceanos
Na cor dos cigilosos desalentos;

Jardins de mais sardônicos tormentos
Em pálidos contornos desumanos,
Velando estes segredos tão mundanos
Na dor de seus avérnicos lamentos.

Tais prismas de safira consternados
Revelam horizontes constelados
Na vil luminesência dos pesares,

Na cor destas fragrâncias madrigais
Refletem seus encantos virginais
Na langue quintessência dos olhares.

domingo, 25 de novembro de 2007

Teatro das Sombras

Noturnas fragrâncias de lírios murchantes
Colorem painéis de ancestral congruência,
Tais vultos propagam s'a vã consciência
No prado infernal de belezas errantes;

Cinzentas molduras de sombras bailantes
Formando um balé de profana indolência,
Vertendo ao luar fantasmal transcendência
Ao longo das frias correntes silvantes;

Por astros que fulgem nas mantas do céu
Se forma um febril e espiral carrossel
De pálida essência em vigor abstrato;

Por luas qu'exclamam s'as tristes venetas
Emergem assim estas vis silhuetas
Clamando terror em seu fusco teatro.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Quietus

Noturnos lampejos de austero luar
Colorem de prata as folhas tão frias,
Levando o acalanto do argento brilhar
Pr'as langues memórias de faces vazias;

Nas ermas visões das espessas brumagens
Cobrindo sem fim as mais verdes montanhas,
Exalam perfumes de brancas plumagens
Que nutre em torpor minhas negras entranhas;

Serenas correntes de brisas translúcidas
Num baile espiral de gentil finitude,
Reflete pr'a mim as miragens tão fúlgidas
Qu'envolvem meu ser na eternal quietude.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Crepúsculo

Abóbada inébria de faces escuras
Lampeja seu arco 'té os mares agrestes,
Erguendo indolente suas vestes cerúleas
Ao leito perpétuo das vias celestes;

Nos véus consternados em lume dorido
Que fulgem além das paisagens arcanas,
Formando os umbrais d'um painel esquecido
Ao langue tecer das infindas membranas;

Explana ao relento suas cores noturnas
E os negros semblantes de olor surreal,
Tal vime agonia das orquestras soturnas
Tocando sem fim sua marcha infernal;

E assim eu contemplo as visões ilusórias
Dos langues tracejos d'aurora lunar,
Em névoa que oculta as doces memórias
Do róseo crepúsculo em manto estelar.