quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Despedida

Escrevo este poema em desalento
Atado no vigor dos seus enlaços,
Velando pela noite os mil pedaços
Dos sonhos espalhados pelo vento;

Tristeza que me envolve em negros braços
E afaga minha angústia em vil tormento
Tingindo o coração no tom cinzento
Do céu que perpetua enfermos traços;

Por chagas abismais que não mais curam
Os astros mais vetustos transfiguram
O fusco lamentar da mi partida;

No frio mausoléu da cor dos mangues
Apenas o esplendor das flores langues
Colorem o estupor da minha vida.

sábado, 26 de janeiro de 2008

Chamas

Perfume das planícies encantadas
Ou âmbar dos recintos mais distantes,
É musa de contornos radiantes
Que alenta mi'as quimeras laceradas;

É estrela que ilumina a madrugada
Com raios de fulgor purificante,
Trazendo em seu olhar inebriante
As flores que colorem mi'a morada

Serenos são os mares de s'a fronte
Formando no meu peito um horizonte
Que vem da eternidade dos seus traços;

Em céus que resplandecem doces luas
Mergulho no fulgor das chamas suas
Ardendo no infinito dos seus braços.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Sonhos

Aos olhos d'uma estrela tão brilhante
Tingindo e salpicando o céu noturno,
Aflora o sentimento mais soturno
Dos sonhos que perecem nesse instante;

Envoltos sob o velcro taciturno
Dos olhos de tristeza inebriante,
Almejam num refúgio tão distante
A paz de seu lamento em tom saturno;

Paisagens que florescem no horizonte
Refletem o cingir do meu afronte
Por telas de morrente palidez;

Nos tons de sua mais doce melodia
O vento desfigura a chama fria
Dos sonhos que se esvaem outra vez.



27/12/07

domingo, 20 de janeiro de 2008

Asas

Nas asas que abraçam a luz do sol
Voando por recantos esquecidos,
Adentro nos encantos tão doridos
Do céu que se transforma em arrebol;

Aspiro a natureza que se aflora
Em dedos de colórea transluzência,
Ouvindo as serenatas em dormência
Dos campos pincelados pela aurora;

Por mares siderais a cintilar
Repouso os meus desejos cigilosos,
Nutrido pelos halos perfumosos
Das rosas que se banham ao luar;

Por ventos que sibila um verde laço
Na cálida e mais errática harmonia,
Contemplo a mais sublime poesia
Das terras que se estendem até o espaço.

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Segredos

Nas águas qu'escorrem seus prantos eternos
Em leitos que formam essências tão puras,
Ressoa a clemência dos rubros infernos
Num céu que reflete as paisagens escuras;

Luzindo e queimando estas cores aflitas
Na fúria longíqua do ardor cintilante,
Jardins em que brotam as flores malditas
Dos frios recantos do espaço distante;

Florestas sem fim de lampejos sidéreos
Ofusca o negrume da noite tranquila,
Fulgindo estes ecos de antigos mistérios
Por mares que ondulam e céu que rutila;

Na lua qu'encobre sua face dormente
Em nuvens que alongam seus braços mortais,
Se velam nos olhos da Terra silente
Os langues segredos das terras astrais.