quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Escreva nas águas

Por águas translúcidas num átrio distante
Fluindo sem fim na espiral correnteza,
Relembro as miragens de infinda beleza
Num quadro ilusório de ardor cintilante;

Por águas que dormem na vã sutileza
Das mantas cerúleas em tênue levante,
Explanam memórias de amor radiante
Nos prantos azúleos da herbórea tristeza;

Nos leitos vertentes em prados aquosos
Contemplo os bailares anis tortuosos
Em vil descender pela fonte desdita;

Tais cinzas qu'espalham no sopro dum vento
Transpassa o fulgor do eternal sentimento
Pr'a sempre talhado nesta água infinita.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Elegia

Por sombras bailando em distantes miragens
Contemplo o raiar desta luz saturnina,
Fulgindo as lembranças em turva neblina
Num vil carnaval de perdidas imagens;

Matiz glacial colorindo a paisagem
Com brancos tracejos de inerte menina,
Sardônico ardor que perdeu-se na sina
E foi-se pr'a sempre na dorida viagem;

Sob campos escuros de um tácito aspecto
Contemplo o luzir dos silentes espectros
Formando os umbrais da lunar agonia;

Despeço-me assim dos contornos mundanos
Partindo-me enfim pr'os abíssicos planos,
Velando por tardes na eternal elegia.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Bells

As clouds who streams in this endless lines
I look at the night on a mournful gaze,
Watching the rays of the fading moonshines
As tears flow down in my sorrowful face;

Toward blackboards of withered flowers
Who draws landscapes in pale twilights,
I see the dismay on my darkest hours
As leading astray his ethereal insight;

When dirges resound from a dead sunrise
As frightening chants of trembling yells,
The whispers recall the approaching demise
Where echoenings toll from the shivering bells.

domingo, 21 de outubro de 2007

Horizonte

Por lânguidas formas crisálidas
Dançando ao sabor deste vento,
Ebúrneas miragens tão pálidas
Se formam no ardor do relento;

Tais alvas lembranças dormentes
No chão de um esquálido rochedo,
Traçando contornos luzentes
Nos céus do mais ávido medo;

No espesso vergar da tristeza
Qu'escorre por flancos fluidos,
Tal franca matiz de turquesa
Que'explana em panéis esquecidos;

Nas brancas curvadas esferas
Que fulgem lascivos semblantes,
Ascendem sublimes quimeras
Pr'os halos celestes sangrantes;

E assim num quadrante sisudo
Na bruma d'um sórdido afronte,
Os frios anéis de veludo
Lampejam nos vãos do horizonte.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Agonia

Na intensa espiral transluzente
Que brilha nos mares eternos,
Imerge esta nau transcendente
Nos vales de infindos infernos;

Na vil terminal ilusória
Perdida n'angústia desdita,
Aflui esta letal desmemória
Por versos em dor infinita;

Na densa e atonal sinfonia
De langues acordes aéreos,
Ressoa esta abismal agonia
Por vastos rochedos funéreos;




sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Desalento

Tais lânguidas noites em tela esquecida
Fulguram no baile das nuvens cinzentas,
Os olhos se encharcam da essência sem vida
Dos prantos que fluem por infindas tormentas;

Tais lúgubres dias nascendo ao torpor
Do frio horizonte em matizes castanhas,
Palplita o elixir deste negro langor
Que nutre os jardins destas mortas entranhas;

Nos traços sutis de um estéril crepúsculo
Fulgindo suas pálidas cortinas rosadas,
As mentes vislumbram as rochas do túmulo
Num vão proferir destas dores veladas;

No triste ecoar d'um perpétuo lamento
Imerjo aos confins do abismal desalento.

domingo, 7 de outubro de 2007

Cálido

No cálido e gelado horizonte
Tal róseo e incandescente verniz
As brumas de purpúreo matiz
Explanam num eflúvio desmonte;

Num ébrio lampejar infeliz
Da lânguida e mais sórdida fonte
Um sórdido e vernáculo afronte
Descende pelos silvos febris;

Por vimes espirais filamentos
Que cozem os infindos tormentos
Das terras de aridez infernal,

As lúgubres paisagens noturnas
Descansam sob o fundo das urnas
Cravadas no infinito eternal;

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Fluorescência

Por densos relvados castanhos
Que beijam os céus reluzentes,
As luas de corpos estranhos
Exibem seus traços dementes;

Ardendo tais brumas vapóreas
No espesso oceano de flores,
As rubras paisagens herbóreas
Revelam seus ocres torpores;

Nas vimes paredes etéreas
Que formam a noite viscosa,
As chuvas escorrem cimérias
Tal negra matiz lacrimosa;

Por frios acordes velados
Que vertem funesta dormência,
Os céus jazerão consternados
Na pálida azul florescência;