domingo, 15 de novembro de 2009

Recortes Da Insônia

As pétalas da noite
Florescem luas novas
No amargo azul supremo
Da tela dos meus sonhos.

Relógios descendentes
Escorrem longas horas
Com cores de apatia
No muro dos meus ossos.

Os ventos do ocidente
Ecoam suas asas
De pranto constelado
Nas linhas da existência,

E além dos horizontes
Estéreis dos meus olhos,
Repousa um sol silente
Composto pelas chamas
Que um dia foram alma.

Míriades

Nos vales siderais da minha mente,
Sobrou nenhuma estrela a fulgurar
Nem nuvens, nem planetas, nem luar,
Somente um céu de sonhos, decadente;

Nos muros da alvorada consciente,
Não resta nada mais o que sonhar
Além duma canção crepuscular
Que toca o som da morte, velozmente.

Em meio aos meus invernos já cansados
E as flores da minha alma a perecer
No gelo da tristeza e dos meus fados...

Eu provo dissabor que, em pouca idade,
Já pesa sobre os eixos do meu ser
As dores de um milhão de eternidades!

Lábios Oníricos, Miragens Noturnas E Delírios Marinhos

Além do azul profundo e ressonante
Do aquático horizonte de quimeras,
Escrevo letras calmas e celestes
Que tornam-se poema em seus cabelos.

Nas tintas de Netuno, divagantes,
Eu traço estes seus lábios irisados
Por onde, então, derramo vinho astral
E esculpo o doce sol dos meus delírios.

Ouvindo as harmonias sibilantes
De eternos mares cósmicos em dança
Profana, já desenho notas quentes
Das linhas de carícias que lhe envolvo.

E mesmo sob os céus atormentados
Tingidos de veneno e de tristeza,
Eu bebo dos seus olhos estrelados
A essência incandescente dos meus sonhos.