sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Flor de Carne

É ser das mais profundas agonias
Tingida por um mar de cores nuas
Cantando seus delírios para as luas
Que brilha como estrelas já tão frias;

Transpira e desabrocha sob as portas
Do sol que descolore folhas virgens,
Flertando pelos campos das vertigens
O céu que bruxeleia nuvens mortas;

Exala pelos ares sua essência
Na cor de seus feitiços mais devassos,
Que pintam as montanhas nos tons lassos
Das flautas em orquestras de clemência;

Abrindo as suas pétalas serenas
Pr'a brisa que perfuma jardins ralos,
Revela o desalento destes halos
Que explanam suas dores mais terrenas;

Em vez de sua face tão vistosa
Luzir em seu rubor iridescente,
Espalha num langor convalescente
As carnes que florescem desta rosa.

2 comentários:

Unknown disse...

Engraçado.. passei a leitura toda do poema tentando identificar onde estava a flor e onde estava a carne. Somente no final, pude perceber que esta nasce daquela! A métrica usada é perfeita: rimas ricas, quase todas feitas com ora subjetivos ora adjetivos. É claro que falar de métrica é quase um desatino, já que um poema assim, merece muito mais ser "sentido" do que carregado pelo algoz da razão!

medusa que costura insanidades disse...

lindo
novamente a vertigem e a devassidão...

"jardins ralos"

Carlos teu estilo é único e me arrebata
sou uma grande fã sua
bjo
e flor de nervos

foi ótimo girar no seu carrosel......